A lesão no ligamento cruzado anterior leva a uma alteração da artrocinemática da articulação tíbio-femural, permitindo o aparecimento de episódios de sub-luxação desta articulação, o qual se manifesta clinicamente pelos “falseios” do joelho.
Episódios repetidos de falseio levarão a um afrouxamento dos restritores secundários, lesões meniscais e condrais, terminando com a degeneração precoce da articulação.
Já os principais objetivos da reabilitação após a reconstrução do ligamento cruzado anterior são readquirir uma normal estabilidade articular, reestabelecer a amplitude total dos movimentos, conseguir boa força muscular do membro lesado, aumentar o controle neuromuscular, retomar uma atividade funcional normal e minimizar o risco de lesão de estruturas secundárias do joelho, tendo como objetivo prioritário atingir a simetria pós-cirúrgica dos joelhos.
De uma forma global, devem incluir aquecimento, exercícios pliométricos, de fortalecimento muscular, de equilíbrio, de agilidade, de flexibilidade e de resistência, acompanhados de uma adaptação postural e aumento da propriocepção, bem como um programa de aperfeiçoamento da performance.
O treino neuromuscular e proprioceptivo tem como objetivo melhorar a resposta reflexa da articulação, uma vez que a resposta muscular voluntária não é suficiente para uma rápida e eficaz compensação das forças a nível do joelho.
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No trabalho muscular, que poderá ser mais intenso, deve-se dar atenção para exercícios de isquiotibiais e gastrocnêmios, que posteriorizam a tíbia. Exercícios de cadeia aberta e fechada são excelentes para aumentar a resistência e força dos músculos trabalhados, lembrando que os de cadeia aberta devem ser usados com cautela, pois podem ser lesivos a articulação femoropatelar e os de cadeia fechada não provocam a anteriorização da tíbia, sendo por isso os mais indicados.
Para um treino de propriocepção (capacidade inconsciente de sentir o movimento e posição de uma articulação no espaço), deve-se estimular os mecanoreceptores íntegros, principalmente os capsulares que seriam os responsáveis pela co-contração dos isquiotibiais e gastrocnêmios levando a uma proteção do joelho nos falseios.
Em média se necessita de 4 a 6 semanas para o trabalho ter um bom resultado, ou seja, a repetição do treino consciente leva a uma automatização fazendo com que o paciente use inconscientemente seus músculos flexores antes de chocar o pé contra qualquer obstáculo, mesmo o solo.
No geral, para atletas e para pessoas que não são desportistas, atividades como musculação, pilates e treinamento funcional são excelentes para a reabilitação de joelho, principalmente quando a atividade é individualizada.